Autores: Mariana Holanda Rusu


Tese de Mestrado | Holanda, M. (2024), Violência Obstétrica em Portugal: polifonia dos corpos brasileiros racializados. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto.


Resumo: Essa pesquisa, de cariz feminista interseccional, ao abordar a violência obstétrica, buscou reconhecer e compreender essa forma específica de violência de gênero, trazendo categorias e realidades ainda invisibilizadas, expondo tipologias e questões resultantes da combinação das identidades: mulher, brasileira, racializada.

Compreendendo que em Portugal a violência obstétrica é um problema de saúde pública, objetivou-se reunir experiências subjetivas vivenciadas por mulheres brasileiras racializadas no Sistema Nacional de Saúde (SNS) português, tendo como questão de partida: Como as mulheres brasileiras racializadas vivenciam e percebem a violência obstétrica no contexto de saúde em Portugal?

Foi adotada uma perspectiva construcionista social que pressupõe uma reflexão crítica das práticas patologizantes, desumanizadas e violentas que operaram sobre as mulheres entrevistadas durante o seu período de gravidez, parto e pós-parto em Portugal. Utilizando uma metodologia qualitativa, realizou-se entrevistas semiestruturadas a 10 mulheres imigrantes brasileiras que perceberam terem sofrido violência obstétrica no SNS em Portugal, tendo como método de análise selecionado a proposta de Análise Temática de Braun e Clarke (2006), uma técnica científica de abordagem qualitativa que permitiu desenvolver uma perspectiva reflexiva e comprometida com os dados. Assim emergiram quatro temas: i) Percepções; ii) Tipologias; iii) Discriminação Interseccional; e iv) Reações.

As relações temáticas foram estabelecidas segundo um organizador central, denominado violência obstétrica com mulheres brasileiras racializadas, a partir de um conjunto de definições que descreve práticas de invisibilidade, subjetivação e polifonia dos corpos racializados. Este estudo revela que há violação de direitos e, como promotor de um lugar de fala, é fruto de vivências interseccionais fundamentais para que se possa compreender melhor como a violência obstétrica acomete mulheres brasileiras racializadas em Portugal. Compreende-se a necessidade da promoção de competências culturais entre a equipe de saúde que as assiste, promovendo igualdade de gênero, de raça e de nacionalidade no acesso, utilização e qualidade no SNS.


Consultar: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/159352